Ambos sepultados na Igreja de Santa Cruz — Coimbra
REIS EM VISITA AO ALGARVE
Desde a conquista do Algarve, e sua definitiva integração no espaço nacional em 1249, até à proclamação da República em 1910, apenas alguns dos nossos monarcas se deram ao trabalho de visitar este extremo sul do território pátrio. Isto comprova, em certa medida, o pouco apreço em que o centro sempre teve a periferia.
Para Lisboa, o Algarve nunca teve qualquer importância, a não ser pelo exotismo da sua cultura e da sua diversidade ambiental, como se fosse uma espécie de reentrância da África adentro da Europa. Daí que praticamente nunca se tivesse investido na região, mormente através de grandes obras públicas, o que, aparte um ou outro melhoramento operado no tempo de Duarte Pacheco, só na década de sessenta do século passado, após a descoberta das suas potencialidades turísticas, é que o Algarve começou a ser conhecido e visitado, não só pelos turistas nacionais e estrangeiros, como ainda pelas entidades governamentais.
Assim, desde o séc. XII até à queda da monarquia, o Algarve raramente foi distinguido com uma visita régia, sabendo-se o quanto esse gesto dignificava e honrava os povos e as terras que recebiam a comitiva real. Apenas os reis D. Sancho I, D. Afonso III, D. João I, D. Afonso V, D. João II, D. Manuel I, D. Sebastião e D. Carlos I, tiveram a sensatez de honrar o Algarve com a sua presença.
O rei D. Sancho I chegou ao Algarve em 11-7-1189, tomou Alvor, Ferragudo, Estômbar, entre outras praças, e em Setembro, após prolongado cerco, logrou conquistar Silves.
D. Afonso III veio ao Algarve pelas mesmas razões, continuar a conquista do Algarve; chegou a Faro na Primavera de 1249 e após a tomada da cidade, sem derramar sangue, decidiu partir envolto em lendas de paixão.
D. João I chegou a Lagos em 26-7-1415, aquando da conquista de Ceuta e no regresso passou por Tavira onde atribuiu o título de Duque de Coimbra a D. Pedro e de Duque de Viseu e Senhor da Covilhã ao Infante D. Henrique.
D. Afonso V chegou a Sagres em 3-9-1458, e de Lagos partiu para Alcácer Ceguer. Em 9-11-1463 voltou a Lagos para atacar de novo a África. Em 1471 voltou pela terceira vez a Lagos, na sua última tentativa para conquistar o Norte de África.
D. João II foi também a Tavira, onde chegou a residir para tratar dos seus achaques nas águas de São Paulo.
Mas por falta de resultados mais positivos partiu para Monchique, onde não conseguiu debelar os sintomas de envenenamento de que vinha sendo vítima.
Acabaria por falecer em Alvor, onde parece que tentou novo tratamento de águas.
Ficou sepultado em Silves, até que foi trasladado em longo cortejo fúnebre para o Mosteiro da Batalha.
Foi este o rei que mais tempo permaneceu no Algarve.
D. Manuel I em Agosto de 1508 veio a Tavira onde reuniu um exército para ir em socorro da praça de Arzila.
D. Sebastião veio ao Algarve numa demorada viagem por terras do interior alentejano, marcada com gestos de pompa e circunstância. Chegou igualmente a Tavira, onde reuniu as suas forças militares, e partiu em Setembro de 1574 para Ceuta donde seguiria para o desastre de Alcácer-Quibir.
D. Carlos I foi o último rei a visitar o Algarve, que embora por várias vezes aqui tivesse vindo de forma particular, só uma o fez de forma oficial, decorrendo essa visita de 9 a 15 de Outubro de 1897.
ALVOR RELIGIOSO
Igreja do Divino Espírito Santo
A Igreja Matriz foi levantada nos primórdios do século XVI, sob auspícios dos Ataídes, alcaides-mores da vila, donatários de avultados privilégios e senhores de boas rendas, sendo provável que tenha sido erigida por Álvaro de Ataíde (filho), que foi alcaide a partir de 1497
A igreja matriz de Alvor é o ex-líbris do estilo Manuelino no Algarve. Construída nos anos 20 do século XVI a Igreja Matriz de Alvor apresenta o pórtico manuelino mais bonito da região, decorado com motivos alusivos à fauna e à flora, cenas bélicas e símbolos religiosos.
No interior, destacam-se os azulejos do século XVIII, bem como as riquíssimas imagens presentes nos seis altares de talha dourada. Aqui se encontra também a famosa e milagrosa imagem do “Senhor Jesus”, que segundo a lenda deu à costa e foi colocado no altar pelos pescadores de Alvor.
Mandada construir nos finais do século XV por Dom Manuel, esta igreja apresenta três naves, quatro tramas, duas capelas colaterais e três laterais. Destaca-se um painel de azulejos rococó e o portal manuelino.
Porta lateral Portal Principal
IGREJA DA MISERICÓRDIA
A Igreja da Misericórdia de Alvor é uma das igrejas mais interessantes de Portimão.
Ergue-se no Centro no centro de Alvor desde meados do século XVII, pode ser pequena, mas o seu encanto é imenso e é um elemento importante da cultura e do património alvorense.
Possui pormenores magníficos, como o púlpito da parede do lado esquerdo, o seu altar, marcado pela extrema simplicidade e os fantásticos vitrais representando o milagre da transformação do pão em rosas pela Rainha Santa Isabel de Portugal, que é a padroeira da igreja.
MORABITOS ou KUBAS
Morabito de São Pedro (Alvor)
Morabitos ou morábitos ou kubas são pequenas construções quadradas com uma cúpula de influência árabe.
O concelho com maior concentração de Morabitos é Portimão.
Alvor -3; Portimão -1; e Figueira (Mexilhoeira) -1-. Um total de cinco.
Eram destinadas ao culto e homenagem aos homens santos muçulmanos ou “Santões”.
Os Morabitos existentes em Alvor são três dos cinco templos islâmicos que ainda existem no Concelho de Portimão, actualmente adaptados a capelas.
Morabitos são templos em forma cúbica com uma cúpula esférica muitas vezes usados como cemitérios de ascetas.
Em Alvor temos três morabitos:
Morabito de São Pedro
Morabito anexo à Igreja do Divino Espírito Santo
Morabito de São João
Morabito da Igreja Matriz de Alvor
Morabito anexo à Igreja Matriz
Anexa à nave Norte da Igreja Matriz de Alvor existe uma capela quadrangular, cuja construção é anterior ao projecto manuelino do templo. Originalmente, foi um dos três morábitos islâmicos de Alvor, pequenos santuários de carácter religioso e, em alguns casos, funerário, destinados a celebrar homens santos do Islão (FIGUEIREDO, 2000, p.25).
Na actualidade, este monumento é apenas apreensível exteriormente, com a sua estrutura quadrangular, encimada por pináculos nos cunhais e cúpula saliente ao centro. Interiormente, é mais uma das capelas da igreja, aberta para o corpo do templo.
Este morábito é importante de um ponto de vista cronológico, na medida em que existem ainda diferentes opiniões acerca da origem destes singulares monumentos. Para os que defendem uma cronologia quinhentista, na órbita das comunidades moçárabes, o morábito da igreja do Espírito Santo parece inviabilizar essa hipótese, uma vez que a sua construção é anterior à da igreja, esta seguramente da primeira metade do século XVI. Por outro lado, o facto de, nesse projecto manuelino da igreja Matriz, o morábito ter sido integrado como capela, favorece a ideia de que, na origem, tinha outra função e, até, outras características civilizacionais.
Neste sentido, a perspectiva de um templo islâmico cristianizado aparece como principal hipótese, reafirmando-se, assim, um entendimento pré-cristão destes monumentos.
MORABITO SÃO PEDRO
Alvor possui três edifícios de planta centralizada, actualmente transformados em pequenas capelas, cuja função e cronologia iniciais remontam à época islâmica.
O melhor conservado é o morábito de São Pedro, localizado à entrada do cemitério da vila, numa das zonas mais elevadas da região e a nascente do núcleo principal urbano.
A nível planimétrico, possui planta quadrangular, "encimada por calote esférica.
Na parede virada a norte, observa-se uma semi-cúpula que dá ao interior um aspecto de altar-mor que, supostamente, seria o “mirhab islâmico"
Ainda no exterior, o monumento caracteriza-se por uma silhueta quadrangular, com fachadas de iguais dimensões, encimadas uniformemente por quatro pináculos, sobre os cunhais, elementos que conferem uma certa monumentalidade e maior altura ao conjunto.
No interior, o espaço quadrado é abobadado por uma cúpula, mas a principal característica é a ausência de decoração, própria de um espaço austero e de meditação interior.
Morabito de São Pedro (interior) Alvor
Muito se tem debatido sobre a datação original destes morábitos.A hipótese mais viável é a de estarmos perante obras do período islâmico, semelhantes a pequenos santuários e oratórios do Norte de África, com função religiosa e, eventualmente, funerária, na medida em que alguns foram convertidos em locais de tumulação e de adoração de homens santos do Islão.
Há, no entanto, quem aponte para uma cronologia quinhentista destes conjuntos, ligada muito provavelmente à sobrevivência das comunidades mudéjares. Infelizmente, a inexistência de outras estruturas análogas no nosso país, inviabiliza qualquer conclusão mais segura, sendo imprescindível a realização de escavações arqueológicas junto a estes monumentos, com vista à sua contextualização histórico-cultural. (PAF)
MORABITO SÃO JOÃO
Na fachada principal, uma inscrição prova a cristianização do edifício:
"ego sum vox clamantis in deserto"
epígrafe claramente posterior à construção do templo.
O morabito de São João é o mais desconhecido dos três morábitos da vila de Alvor que chegaram até nós.
A sua construção deve ser contemporânea dos restantes, assemelhando-se em planta e estrutura, o que levou Ana Figueiredo a considerar serem todos obras de um mesmo arquitecto islâmico (FIGUEIREDO, 2000, p.25).
Na actualidade, inserido na densa malha urbanística de Alvor, o monumento passa praticamente despercebido, mas, na origem, a posição sobranceira em relação à ria deve ter-lhe conferido certa monumentalidade, própria de uma marca construtiva na paisagem dominante do monte de Alvor.
Em termos estruturais e decorativos, o morábito de São João repete o figurino ensaiado nos outros dois (de São Pedro e no anexo à igreja Matriz do Divino Salvador) planta quadrangular, cupulada, com fachadas igualmente quadrangulares e encimadas por pináculos sobre os cunhais.
Morabito de São João - Alvor (interior)
PORTIMÃO MAIS DOIS MORABITOS
Morabito Amparo — Portimão
A Capela da Senhora do Amparo é uma capela simples, de origem árabe, foi cristianizada e dedicada a Nossa Senhora do Amparo, também conhecida por Nossa Senhora do Leite, e aqui bem representada numa tela atrás do altar, amamentando o seu bebé.
A este espaço se dirigiam as grávidas para receberem a sua bênção.
A Capela de Nossa Senhora do Amparo, em Portimão, foi restaurada há 30 anos, para valorização da cultura e património da região.
Morabito da Igreja do Amparo Portimão Morabito do Amparo (interior) Morabito da Torre - Figueira - Mexilhoeira Grande
Morabito da Torre Morabito da Torre (interior)
Este morabito é praticamente desconhecido mesmo pelos entendidos nesta matéria do património.
Fica perto da povoação da Figueira na Freguesia da Mexilhoeira Grande, não consta dos roteiros nem parece estar classificado A porta está orientada a nascente e tem uma vista abrangente.
A propriedade é privada e os caminhos que levam ao edifício estão actualmente bloqueados a automóveis.
Na procura do edifício encontrei um senhor idoso que me indicou a localização aproximada e referiu-se ao mesmo como uma ermida.
O edifício ostenta na fachada os restos duma cruz.
Em Portugal ainda encontramos alguns poucos vestígios destes pequenos templos muçulmanos.
Alguns encontram-se completamente ignorados e abandonados, e este está a servir de palheiro e de recolha de animais.
Lenda do SENHOR ROUBADO
Há muito tempo estavam uns pescadores de Alvor a pescar quando avistaram um caixão a flutuar.
Não se ouvia falar de naufrágio há algum tempo, por isso estranharam aquele caixão que, por sua vez, seguia em direcção a Alvor.
Quando o caixão encalhou na areia da praia os pescadores puseram os barcos em terra e dirigiram-se à vila para contar o que tinham visto.
A população desceu à praia e decidiu abrir o caixão, o que não foi nada fácil!
Quando o abriram, estava uma doce imagem do Senhor Jesus Crucificado.
Ficaram a olhar uns para os outros, indecisos.
Entretanto, alguém sugeriu que a imagem fosse para a Igreja Matriz.
Foram precisos quinze homens para pôr a imagem às costas. No fundo do caixão um letreiro que dizia:
"Senhor Jesus - Praias de Alvor".
Maravilhados com aquela prenda do Céu colocaram-na no altar da Igreja Matriz.(Baseado in “A Monografia do Alvor”, by OLIVEIRA, Francisco Xavier d’Ataíde, Senhor Jesus de Alvor fez muitos mais milagres.
Conta-se, por exemplo, que várias vezes o sacristão notara, quando abria a porta principal da igreja, uns passos molhados no pavimento de pedra, desde a porta até ao altar do Senhor Jesus. Reparara também, nessas ocasiões, que os joelhos da imagem vertiam sangue. A repetição destes factos e a sua coincidência com diversos naufrágios nas costas de Alvor, em que eram salvos os marinheiros, deram que pensar ao sacristão, que resolveu pôr-se à espreita.
Assim, uma noite o sacristão viu Jesus descer da cruz, encaminhar-se para a porta e sair. Esperou. Daí a bocado viu entrar o Senhor, encharcado, deixando no chão a marca dos pés molhados, subir ao altar e pôs-se de novo na cruz. Era Ele o salvador dos marinheiros naufragados.
Conta-se, do dia do terramoto de 1755, o seguinte caso, também ligado à imagem.
Ao primeiro estremeção, o povo, que se preparava para a missa, correu aflito para a igreja a implorar misericórdia ao Senhor. Enquanto a terra rugia e o mar bramava, fecharam portas e janelas, e, ajoelhados, esperavam que a ira de Deus os poupasse.
Lá fora, no mar formou-se numa enorme vaga, que, vinda do fundo da praia, galgou areia, terra, casario e castelo, destruindo e matando tudo o que encontrava pela frente. E assim como veio, foi-se. E voltou. Voltou várias vezes, bradando em voz cava e rouca contra o que se lhe opunha.
Numa das vezes em que a onda recolhera à praia, um dos pescadores foi à porta da igreja e, vendo a furiosa massa de água engolir o areal e dirigir-se para eles, gritou:
«Senhor Jesus, acudi-nos!»
E um rapazinho, em desespero, correu para o altar, arrancou a imagem do altar e foi pô-la frente ao mar que avançava aterradoramente. Então, milagre!
O mar, como que a medo, parou frente ao Senhor Jesus e voltou mansamente aos seus próprios limites, como quem pede desculpa
O valente rapazinho acabou por desmaiar com a comoção, e, quando quiseram voltar a pôr a imagem no seu lugar, foram precisos quinze homens, que é o número de pessoas habitualmente necessárias para a deslocar.
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Diz a tradição que, de tempos a tempos, crescia uma finíssima barba ao Senhor Jesus. O prior, ao reparar neste fenómeno, procurou um barbeiro que se encarregasse de, semanalmente, cortar a barba à imagem. A escolha recaiu, naturalmente, num homem piedoso e crente, que durante anos desempenhou a sua tarefa com respeito e saber.
Aconteceu, porém, que o barbeiro faleceu e foi necessário arranjar outro que desempenhasse aquele serviço. Como na altura só existia um outro barbeiro em Alvor, esse tomou a seu cargo a barba semanal do Senhor Jesus.
Diz-se que o novo barbeiro não possuía as mesmas qualidades do antecessor; era homem desrespeitador, galhofeiro e insolente. Mas, apesar de tudo isto, o padre, que não tinha por onde escolher, incumbiu-o da missão, depois de muitas recomendações.
Na primeira ocasião em que foi chamado a exercer o seu ofício na Santa Imagem, o homem, depois de subir a escada de mão que utilizavam para o efeito, e fazer metade da barba de Jesus, fez um comentário desrespeitoso. O Senhor assentou nele os seus olhos habitualmente mansos, com um ímpeto tal que o barbeiro caiu fulminado para trás. A partir de então, nunca mais cresceu a barba ao Senhor Jesus e a imagem conserva-se, ainda hoje, como no momento em que o barbeiro foi castigado: de um lado limpa e barbeada, do outro ensombrada por ténue barba.
A lenda do Senhor Roubado e os de Portimão
A estória passa-se na Costa de Alvor em meados do século XVIII
Dizem pessoas muito antigas que o Senhor Jesus que está na Igreja de Alvor veio dar à praia e foi encontrado por uns pescadores e que por isso é que é o protector dos pescadores. Eles levarem o Senhor para a Igreja e correu muita gente para a ir ver, fizeram-lhe logo promessas e começou a fazer muitos milagres. Sucederam-se notáveis prodígios, tantos que os povoa vizinhos começaram a invejar a imagem e tentaram roubá-la. No entanto as suas tentativas foram em vão. Uma força oculta opunha-se ao roubo.
Foi o caso que se passou com o povo de Portimão.
Uma noite os portimonenses prepararam uma carreta de bois entraram na Igreja e colocaram o enorme crucifixo na carreta atrelada a duas juntas de bois, enquanto o povo da vila dormia.
Em silêncio encaminharam-se para Portimão, mas quando chegaram à extrema da freguesia, ali aos Quatro Caminhos, os bois pararam e por mais que empurrassem, nada de andar.
Foram buscar mais uma junta de bois mas não havia força que fizesse avançar a carreta.
Então os portimonenses, envergonhados e arrependidos, desistiram e trouxeram novamente o Senhor Jesus de volta para a Igreja de Alvor, onde é que pertencia estar, a fim de que não se soubesse nada.
Por isso não é de admirar que os pescadores tenham grande fé no Senhor Jesus, que tantos prodígios tem feito e muitos tem salvo de morrerem afogados quando o mar está bravo.
TOPONÍMIA ALVORENSE
Pelas ruas, travessas, becos, vielas e rotundas de Vila Velha de Alvor
A típica vila piscatória de Alvor com as suas pequenas e estreitas ruas, travessas, ruelas e as suas casas rústica tem o mérito de, na zona velha, apresentar as placas toponímicas com dois nomes: o novo e o velho (este entre parenteses).
Tomo a liberdade e a ousadia de usar a extraordinária competência de Paulo J. S. Barata, autor do texto que é a base deste apontamento toponímico e que pilhei daqui “in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa”
https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/artigos/rubricas/idioma/a-proposito-da-toponimia-de-alvor/2376
… na parte antiga da vila de Alvor (Algarve, Portugal) constato, em boa parte das ruas, a existência de duas toponímias. A mais recente e a mais antiga. Ambas presentes nos painéis de azulejo que identificam os nomes das ruas.
Alvor tinha uma toponímia estreitamente ligada às características do local: topografia, edifícios marcantes, santos de devoção das populações, actividades locais. Nela a população reconhecia a vila e reconhecia-se. Os nomes das ruas eram parte da sua identidade.
A dado passo da sua história, as estruturas autárquicas decidiram alterar os nomes das ruas, atribuindo-lhes novos nomes sobretudo ligados a figuras e factos históricos do passado português. Tratando-se de uma mudança artificial e forçada, e como provavelmente a população não se reconheceria facilmente nos novos nomes, nos painéis identificativos convivem novas e antigas designações.
Ou seja, Rua X (antiga Rua Y).
Uma das artérias estruturantes da vila que literalmente a atravessa é composta sobretudo por duas ruas, hoje a Rua Marquês de Pombal e a Rua Dr. Afonso Costa.
Antes chamavam-se, respectivamente, Rua Abaixo e Rua Acima.
Quem por ali passe e veja o constante passadio de gentes para cima e para baixo e o some com a morfologia do local facilmente intui a precisão dos antigos topónimos.
Uma rua continuação da outra, claramente identificadas com a topografia e uma das ruas estruturantes da vila no sentido Nascente/Poente.
RUA VASCO DA GAMA
Outro caso é o da Rua Vasco da Gama, antiga Rua da Ribeira que desce da antiga Rua da Igreja (actual 25 de Abril) e desemboca num local fundamental da vila, a chamada Ribeira, junto à ria e à antiga lota.
Chamava-se precisamente Rua da Ribeira e ainda hoje dela se divisa parte da Ribeira.
A zona da Ribeira, que deve o seu nome ao facto de ali confluírem várias ribeiras, em particular a Ribeira do Farelo, ainda hoje lugar central do que subsiste da faina piscatória da vila, e também local de encontro e de socialização, que todos os autóctones reconhecem como tal, não tem sequer um nome de rua, mas apenas de uma travessa e de um beco! Com intuição e oportunidade, um dos muitos restaurantes da zona ribeirinha, foi crismado de Restaurante A Ribeira,
Antiga LOTA (ainda hoje local de encontro e socialização dos locais
RUA DA IGREJA
RUA DE SÃO JOÃO
Outra rua estruturante, estreita e sinuosa no sentido nascente - poente.
Rua identificada com a Capela de São João antigo morabito muçulmano (Alvor deve ser a única terra de Portugal em que encontramos 3) (No Concelho de Portimão há mais dois morabitos:
1 em Portimão e outro na Figueira, freguesia da Mexilhoeira Grande).
Ruas identificadas com o Morabito, cristianizado como Capela de São João .Esta rua começa na Rua Abaixo, entronca com a Rua Humberto Delgado (Antiga Travessa ) curva à direita para o Morabito e vai apanhas a Rua dos Pescadores (Antiga Travessa) cruza com a Rua Infante D. Henrique, (antiga Travessa) continua com a Rua Poeta João de Deus (antiga Rua de S. João e depois de cruzar a Rua Pedro Álvares Cabral e a Rua Vasco da Gama continua pela Rua da Igreja (antiga Rua de São João) passando pelo Portão Manuelino e terminando uns metros mais à frente
Há época a Rua de SÃO JOÃO era passagem estruturante entre o Alto de São João e a Igreja do Divino Salvador.
RUA DO CASTELO - FORTALEZA DE ALVOR
LARGO DO CASTELO
O Largo do Castelo deve o seu topónimo ao facto de ser o largo que se situa em frente à porta principal do Castelo de Alvor.
Neste largo localiza-se o Mercado Municipal de Alvor.
O topónimo Largo do Castelo já aparece referido nos registos paroquiais da freguesia de Alvor desde meados do Século XIX, sendo muito provável, no entanto, que seja de origem popular e muito mais antigo.
As ruas do Castelo, Travessa do Castelo e Largo do Castelo têm ligação com as seguintes artérias: Rua P, David Neto, Rua do Paço, Rua D. João II, Rua Dr. António José de Almeida, Rua Poeta António Aleixo, Rua D. Sancho I.
O Castelo / Fortaleza de Alvor fica á cota mais elevada da Vila de Alvor, 22 metros.
..
Um caso bizarro é o da antiga Rua do Areeiro, hoje Rua Dr. António José de Almeida.
É que se acabou com a Rua do Areeiro, mas manteve-se, na mesma rua, a Travessa da Rua do Areeiro! No dia em que as placas de azulejo perderem a antiga toponímia ou se apenas se consultar um mapa, fica-se sem perceber a razão da existência de uma travessa de uma rua que já não existe!
Largo da Ribeira - Rua da Ribeira - Rua dos Pescadores
LARGO DA RIBEIRA
Topónimo antigo, de origem popular, espaço junto à Ria ligado à vida marítima, como a comercialização de pescado e lugar de embarque.
No Século XVI, há notícia de um forno de cozer pão, chamado de Forno Novo da Ribeira e a Casa do Sal, armazém do sal produzido nas salinas de Alvor.
No século XX foi construída a lota, ainda hoje existente mas servindo de apoio e convívio aos velhos pescadores e mariscadores.
Mais antigo é o espaço da casa-guarda do salva-vidas de Alvor.
Na década de 1990, toda zona ribeirinha de Alvor foi alvo de requalificação urbana e o espaço antes destinado a habitações e armazéns de pescadores, foi transformado em espaço de ocupação turística, com a abertura de vários restaurantes e bares.
Alvor - Zona Ribeirinha - anos 80
Zona Ribeirinha - Lota - anos 60
Alvor - Zona Ribeirnha - anos 40
Alvor - Zona Ribeirinha - Casa do Salva Vidas desactivada no ano de 1983
Alvor - Zona Ribeirinha - Rotunda anos 90 (séc. XX)
Alvor - Zona Ribeirinha - Rotunda 2012
Alvor - Rotunda Zona Ribeirinha - 2020 Junho
REYNO do ALGARVE — 1791
Este mapa é posterior às reformas pombalinas da década de 70 de Setecentos.
Por alvará de 16 de Janeiro de 1773, o concelho de Alvor foi extinto e passou a integrar o concelho de Vila Nova de Portimão;
O vasto e empobrecido concelho de Silves foi subdividido, dando origem a dois novos concelhos, o de Monchique e o de Lagoa, O Concelho de Portimão tem a mesma origem, Foi criado por D. João II que lhe deu foral em 1495; em 1504, D. Manuel I, confirma o foral de Villa Nova de Portimão
OBS. O lugar de Moncarapacho, também foi dividido entre o termo de Tavira e o termo de Faro, passou a ficar inteiramente sob a jurisdição de Faro.
Mais tarde, no Algarve Oriental, seria fundada Vila Real de Santo António, oficialmente inaugurada a 13 de Maio de 1776, em cujo termo ficaria incorporado o entretanto extinto concelho de Cacela.
Para aceder ao mapa na NBP (Biblioteca Nacional Portuguesa) ir por aqui
Obs.—Por vezes demora algum tempo a aceder à página do BNP, mas vale a pena esperar alguns segundos. Para aumentar a visualização do mapa rode-o com o rato
FORTES e BATERIAS
BAÍA de LAGOS século XVII
Baía de Lagos século XVII --- Mapa de Pedro Teixeira Albernaz — 1634
1 - Forte de São João, Ferragudo, Lagoa
2 - Forte de Santa Catarina, Portimão
3 - Forte de Alvor, Portimão
4 - Forte de Meia Praia, Lagos
5 Forte da Bandeira, Lagos
FORTE e CASTELO de ALVOR
De origem muçulmana, o Castelo de Alvor terá sido construído no Séc. VIII, ou seja no início do povoado muçulmano na Península Ibérica, tendo sido tomado pelos Cruzados em 1189.
O castelo, de forma quadrangular, apresenta as suas muralhas de acordo com o modelo islâmico, erguidas com blocos de pedra irregulares dispostos horizontalmente, elevando-se a mais de cinco metros de altura em diversos trechos. Deduz-se a existência de um adarve pela existência de uma escada adossada ao sector sul da muralha, embora o estado atual do monumento não permita afirmar se os muros eram ameados.
A porta principal de acesso, em cotovelo, é o último elemento original remanescente, acreditando-se que tenha sido originalmente defendida por uma torre albarrã. A leste, observam-se os restos de uma torre que, conforme a sua altura, teria permitido a observação dos movimentos / navegações na enseada.
Acredita-se que o actual Castelo de Alvor corresponda apenas à primitiva alcáçova islâmica.
A interligação entre a manutenção do património histórico e uma utilização desse património nos tempos modernos, nem sempre é fácil e pacífica.
A intervenção levada a cabo no Castelo de Alvor, que requalificou o parque infantil que lá funcionava desde os anos 70 é um excelente exemplo de aproveitamento de um espaço com valor histórico para uma actividade actual, necessária em todos os meios, que se traduz na criação de espaços de entretenimento infantil.
Com as velhas muralhas a delinear o espaço, transmitindo uma sensação de segurança; as árvores antigas a oferecer o conforto de uma sombra necessária e os equipamentos infantis modernos a convidar à diversão, o Castelo de Alvor convida à sua descoberta por miúdos e graúdos, com conquistas de brincadeira.
texto de Nuno Campos Inácio
CASTELO de ALVOR
Castelo de Alvor foi construído por cima de um antigo castro e é mesmo anterior à ocupação romana.
Os Mouros após conquistarem Alvor decidiram melhorar a defesa da povoação edificando um castelo no alto da pequena colina.
Com uma estrutura quadrada e paredes fortes, o castelo não resistiu ao Terramoto de 1755 que destruiu quase toda a vila.
Forte do Alvor (Apontamento)
Em Novembro de 1924 foi encontrada, soterrada na Rua do Mourão, uma lápide com a seguinte inscrição;
«Sendo o Ilmº Bispo e Governador deste Reino, D. Fernando Barreto, mandou acabar este forte no ano de 1675».
A pedra que era de altíssimo valor histórico, foi empregue na construção de um bebedouro, porque ninguém conseguiu demover o seu proprietário a oferecê-la à autarquia de Portimão para o futuro Museu.
FORTES e FORTALEZAS
Barlavento entre SILVES - LAGOS
Silves
Alvor - Porto de Mós (Lagos)
Nossa Senhora da Luz - Almadena (Lagos)
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