TOPONÍMIA ALVORENSE
A típica vila piscatória de Alvor com as suas pequenas e estreitas ruas, travessas, ruelas e as suas casas rústica tem o mérito de, na zona velha, apresentar as placas toponímicas com dois nomes: o novo e o velho (este entre parenteses).
Tomo a liberdade e a ousadia de usar a extraordinária competência de Paulo J. S. Barata, autor do texto que é a base deste apontamento toponímico e que pilhei daqui “in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa”
https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/artigos/rubricas/idioma/a-proposito-da-toponimia-de-alvor/2376
… na parte antiga da vila de Alvor (Algarve, Portugal) constato, em boa parte das ruas, a existência de duas toponímias. A mais recente e a mais antiga. Ambas presentes nos painéis de azulejo que identificam os nomes das ruas.
Alvor tinha uma toponímia estreitamente ligada às características do local: topografia, edifícios marcantes, santos de devoção das populações, actividades locais. Nela a população reconhecia a vila e reconhecia-se. Os nomes das ruas eram parte da sua identidade.
A dado passo da sua história, as estruturas autárquicas decidiram alterar os nomes das ruas, atribuindo-lhes novos nomes sobretudo ligados a figuras e factos históricos do passado português. Tratando-se de uma mudança artificial e forçada, e como provavelmente a população não se reconheceria facilmente nos novos nomes, nos painéis identificativos convivem novas e antigas designações.
Ou seja, Rua X (antiga Rua Y).
Uma das artérias estruturantes da vila que literalmente a atravessa é composta sobretudo por duas ruas, hoje a Rua Marquês de Pombal e a Rua Dr. Afonso Costa.
Antes chamavam-se, respectivamente, Rua Abaixo e Rua Acima.
Quem por ali passe e veja o constante passadio de gentes para cima e para baixo e o some com a morfologia do local facilmente intui a precisão dos antigos topónimos.
Uma rua continuação da outra, claramente identificadas com a topografia e uma das ruas estruturantes da vila no sentido Nascente/Poente.
RUA VASCO DA GAMA
Outro caso é o da Rua Vasco da Gama, antiga Rua da Ribeira que desce da antiga Rua da Igreja (actual 25 de Abril) e desemboca num local fundamental da vila, a chamada Ribeira, junto à ria e à antiga lota.
Chamava-se precisamente Rua da Ribeira e ainda hoje dela se divisa parte da Ribeira.
A zona da Ribeira, que deve o seu nome ao facto de ali confluírem várias ribeiras, em particular a Ribeira do Farelo, ainda hoje lugar central do que subsiste da faina piscatória da vila, e também local de encontro e de socialização, que todos os autóctones reconhecem como tal, não tem sequer um nome de rua, mas apenas de uma travessa e de um beco! Com intuição e oportunidade, um dos muitos restaurantes da zona ribeirinha, foi crismado de Restaurante A Ribeira,
Antiga LOTA (ainda hoje local de encontro e socialização dos locais
RUA DA IGREJA
RUA DE SÃO JOÃO
Outra rua estruturante, estreita e sinuosa no sentido nascente - poente.
Rua identificada com a Capela de São João antigo morabito muçulmano (Alvor deve ser a única terra de Portugal em que encontramos 3) (No Concelho de Portimão há mais dois morabitos:
1 em Portimão e outro na Figueira, freguesia da Mexilhoeira Grande).
Ruas identificadas com o Morabito, cristianizado como Capela de São João .Esta rua começa na Rua Abaixo, entronca com a Rua Humberto Delgado (Antiga Travessa ) curva à direita para o Morabito e vai apanhas a Rua dos Pescadores (Antiga Travessa) cruza com a Rua Infante D. Henrique, (antiga Travessa) continua com a Rua Poeta João de Deus (antiga Rua de S. João e depois de cruzar a Rua Pedro Álvares Cabral e a Rua Vasco da Gama continua pela Rua da Igreja (antiga Rua de São João) passando pelo Portão Manuelino e terminando uns metros mais à frente
Há época a Rua de SÃO JOÃO era passagem estruturante entre o Alto de São João e a Igreja do Divino Salvador.
RUA DO CASTELO - FORTALEZA DE ALVOR
LARGO DO CASTELO
O Largo do Castelo deve o seu topónimo ao facto de ser o largo que se situa em frente à porta principal do Castelo de Alvor.
Neste largo localiza-se o Mercado Municipal de Alvor.
O topónimo Largo do Castelo já aparece referido nos registos paroquiais da freguesia de Alvor desde meados do Século XIX, sendo muito provável, no entanto, que seja de origem popular e muito mais antigo.
As ruas do Castelo, Travessa do Castelo e Largo do Castelo têm ligação com as seguintes artérias: Rua P, David Neto, Rua do Paço, Rua D. João II, Rua Dr. António José de Almeida, Rua Poeta António Aleixo, Rua D. Sancho I.
O Castelo / Fortaleza de Alvor fica á cota mais elevada da Vila de Alvor, 22 metros.
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Um caso bizarro é o da antiga Rua do Areeiro, hoje Rua Dr. António José de Almeida.
É que se acabou com a Rua do Areeiro, mas manteve-se, na mesma rua, a Travessa da Rua do Areeiro! No dia em que as placas de azulejo perderem a antiga toponímia ou se apenas se consultar um mapa, fica-se sem perceber a razão da existência de uma travessa de uma rua que já não existe!
Largo da Ribeira - Rua da Ribeira - Rua dos Pescadores
LARGO DA RIBEIRA
Topónimo antigo, de origem popular, espaço junto à Ria ligado à vida marítima, como a comercialização de pescado e lugar de embarque.
No Século XVI, há notícia de um forno de cozer pão, chamado de Forno Novo da Ribeira e a Casa do Sal, armazém do sal produzido nas salinas de Alvor.
No século XX foi construída a lota, ainda hoje existente mas servindo de apoio e convívio aos velhos pescadores e mariscadores.
Mais antigo é o espaço da casa-guarda do salva-vidas de Alvor.
Na década de 1990, toda zona ribeirinha de Alvor foi alvo de requalificação urbana e o espaço antes destinado a habitações e armazéns de pescadores, foi transformado em espaço de ocupação turística, com a abertura de vários restaurantes e bares.
Alvor - Zona Ribeirinha - anos 80
Zona Ribeirinha - Lota - anos 60
Alvor - Zona Ribeirnha - anos 40
Alvor - Zona Ribeirinha - Casa do Salva Vidas desactivada no ano de 1983
Alvor - Zona Ribeirinha - Rotunda anos 90 (séc. XX)
Alvor - Zona Ribeirinha - Rotunda 2012
Alvor - Rotunda Zona Ribeirinha - 2020 Junho
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