quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Ria de Alvor Apontamento breve  


Nota: Deliberadamente continuo s escrever segundo as normas do  ACORDO DE 1945


O Rio Alvor nasce na Serra de Monchique, Monte da Fóia e tem um percurso de 18 Km.
Foz a meio da Baía de Lagos, dividindo-a em duas praias: Meia Praia e Praia de Alvor

A Zona Lagunar também conhecida como Ria de Alvor resulta da união de quatro ribeiras que para ali drenam as suas águas:

 

RIBEIRA DE ODIÁXERE

É mais um curso de água que nasce na Serra de Monchique. Esta ribeira terá caraterísticas mais de ribeiro. A sua nascente concreta situa-se no lugar de Marmelete, concelho de Monchique.
Cumprido um percurso de pouco mais de 29 quilómetros, desagua na margem direita do Rio Alvor.

 

RIBEIRA DO ARÃO

Nasce na Serra de Monchique. Percorre vinte e dois quilómetros e meio e desagua na margem poente do Rio Alvor.

 

RIBEIRA DO FARELO

Também nasce na Serra de Monchique, que é bastante rica em nascentes de água. Percorre pouco menos de 20 quilómetros e despeja as suas águas na margem nascente do Rio Alvor.

 

RIBEIRA DA TORRE

A Ribeira da Torre é um pequeno ribeiro com 22,4 km de comprimento, que nasce na Serra de Monchique.
Desagua, como afluente da Ribeira do Farelo, no rio Alvor.

Foz da Ria de Alvor - Meia Praia à esquerda - Praia de Alvor à direita - ao fundo Serra de Monchique


Excelente espaço para a criação de moluscos bivalves: Ameijoas, berbigão, conquilha e ostras.
Excelente espaço para o desenvolvimento e nidificação de aves:

 Aves aquáticas:

corvo-marinho, garça-branca, garça-real, flamingo, ostraceiro, pernilongo, borrelho, pilrito maçarico, rola-do-mar, gaivota, garajau, andorinha-do-mar, 

            Outras Aves

garça-boieira, alcaravão, mocho-galego, abelharuco, poupa, pica-pau-malhado, cotovia-de-poupa, alvéola, pisco, rabirruivo-preto, chasco-cinzento, rouxinol-, felosa-toutinegra-de-barrete-preto, felosa-comum, papa-moscas-cinzento, papa-moscas-preto, picanço-barreteiro, pega-azul, trigueirão.

Raridades:

ganso-de-faces-pretas, pato-ferrugíneo, eider, pato-de-cauda-afilada, tarambola-americana, pilrito, perna-verde-fino, maçarico, moleiro-rabilongo, gaivota. 

Em frente atravessam-se campos agrícolas, grande parte abandonados, dominadas por culturas de pequena dimensão compostas por amendoeiras, oliveiras, alfarrobeiras, romãzeiras, marmeleiros e figueiras, bem como alguns pequenos pomares de citrinos

Neste percurso é fácil observar pintassilgo, chamariz, verdilhão, pintarroxo e ainda trigueirão, pega-azul e poupa .
Destacam-se como migradores de passagem chasco-cinzento, rouxinol,-felosa-toutinegra-papa-moscaseto.
Nesta área de sapal ainda se podem observar: flamingo, garça-real, garça-branca-pequena, maçarico, borrelho-grande-de-coleira, pernilongo, cotovia-de-poupa e muitas outras aves.
 



 


 


Alvor Salva Vidas 

Nota: Deliberadamente continuo s escrever segundo as normas do  ACORDO DE 1945

SALVA VIDAS

 



Em 1983, quando o salva-vidas de Alvor deixou de trabalhar e o Museu da Marinha o quis levar para Lisboa, a população revoltou-se, cortou os carris que o faziam descer do abrigo até ao rio, e impediu que a embarcação que tantas vidas salvou fosse levada dali.

Só em 1983, quando o assoreamento da ria já nem deixava o barco sair do seu abrigo e passar a barra, e outras tecnologias de propulsão se afirmavam, é que o salva-vidas de Alvor deixou de ser utilizado, 50 anos depois de ter começado a sua missão nesta localidade piscatória do Algarve.

Mas o facto de ter salvado as vidas de muitos pescadores, como ainda hoje os mais velhos homens do mar recordam, e de ter sido à força de braços de companheiros de faina que esses salvamentos ocorreram, criou uma forte ligação da comunidade ao salva-vidas.



Mas o facto de ter salvado as vidas de muitos pescadores, como ainda hoje os mais velhos homens do mar recordam, e de ter sido à força de braços de companheiros de faina que esses salvamentos ocorreram, criou uma forte ligação da comunidade ao salva-vidas.

Pelas suas características únicas e estado de conservação, em 1983, o Museu da Marinha quis preservar a embarcação, levando-a para Lisboa, para aí ser exposta. Mas a população não deixou e cortou os carris que ligam o abrigo à ria, assim impedindo a saída do barco.

Desde aí, o salva-vidas tem estado no seu abrigo, acarinhado pelos alvorenses, mas pouco visível para os defora. Durante algum tempo, já depois de ter sido desativado, o salva-vidas ainda continuou a ser cuidado pelo seu patrão, José Jorge, e pelo sota-patrão, Manuel Loló, ambos já falecidos.

Ao longo destes 34 anos de inatividade, barco e abrigo foram sendo alvo de alguns restauros e conservação. Mas só agora, com o projeto da criação do Centro de Interpretação é que a sua história e memória serão devolvidas aos visitantes e à população.

 


O salva-vidas, construído em madeira e com o tipo dinamarquês visível na madeira trincada do casco, era movido à força de braços. Da sua tripulação, apenas o patrão e o sota-patrão eram fixos. Os restantes eram recrutados entre os pescadores, nem sempre agradados com a necessidade de arriscarem a sua vida, em troco de um pagamento que não compensava os perigos.

Num excerto de vídeo mostrado na cerimónia de assinatura do protocolo, um antigo pescador recordava que a companha do salva-vidas passava «um dia inteirinho além, até que o último barco viesse para terra». Tudo isto para ganhar «17$50 e depois 20 escudos».

Mas esse esforço compensava, num tempo em que os barcos de pesca eram a remos ou à vela e passar a assoreada barra de Alvor era um perigo permanente. Muitas vidas foram salvas, muita gente de Alvor existe hoje porque essa companha de homens corajosos andou horas no mar para resgatar o seu avô ou pai. Outro antigo pescador, no mesmo testemunho em vídeo recolhido pela Casa Manuel Teixeira Gomes, recordava a vez em que «o barquinho de Alvor já estava no fundo, mas salvámos os homens».

É toda essa memória de vida dura e heroísmo que o Centro de Interpretação do Salva-Vidas de Alvor quer agora celebrar e não deixar cair no esquecimento.


  

 



domingo, 20 de dezembro de 2020

 

Carta Alexandre Massai

Nota: Deliberadamente continuo s escrever segundo as normas do  ACORDO DE 1945



Planta da Vila de Alvor, Alexandre Massaii1617 (pág 82)


1617


Vila de Alvor 2020 - Século XXI

Legenda






Pode consultar o livro aqui




O arquitecto napolitano e engenheiro militar, Alexandre Massaii, (15??-1638) contratado por Filipe I de Portugal (II de Espanha) para prosseguir o vasto programa de edificações de fortes e fortalezas entre o Alentejo e o Algarve a fim de proteger a costa dos ataques dos piratas e corsários.

Chegou a Portugal em 1589 a convite de Filipe I de Portugal e aqui viveu até morrer em Sines em 1638 serviu portanto todos reis da Dinastia Filipina,
Inicialmente destacado para a costa alentejana em 1617 foi destacada para o Algarve para fazer o levantamento das fortalezas algarvias tendo redigido a “Descrição do Reino do Algarve” que concluiu em 1621 com o aprofundamento das obras que deveriam ser feitas nomeadamente as que propunha construir.

Projectos principais:

Forte do Pessegueiro
Forte de São Clemente, em Vila Nova de Milfontes
Forte de São Lourenço do Bugio 

Apontamento:

Dos muitos fortes e fortalezas projectadas e construídas e que tão bons serviços prestaram às populações da orla marítima só encontrei duas povoações a manifestarem esse reconhecimento e memória na toponímia: 

Portimão — Largo Massai (Largo dos anos 30 séc. XX  popularmente conhecido como Largo da Fortaleza. Topónimo  aprovado em reunião de Câmara de 26 de Janeiro de 2011)

 Lagos — Rua Alexandre Massaii

(Rua à direita da estrada para Porto de Mós) (M 1263  -  Rua Prof Dr. Nataniel Costa  -  Av. Armindo Correia  -  e na primeira à direita  -  Rua Alexandre Massaii


Documento de Alexandre Massaii com descrição da Vila de Alvor (1617) (pág. 80)


Transposição para a ortografia actual


Documento de Alexandre Massaii com descrição da Vila de Alvor (1617) (pág. 81) 






 TOPONÍMIA ALVORENSE


A típica vila piscatória de Alvor com as suas pequenas e estreitas ruas,  travessas,  ruelas e as suas casas rústica tem o mérito de, na zona velha, apresentar as placas toponímicas com dois nomes: o novo e o velho (este entre parenteses).

Tomo a liberdade e a ousadia de usar a extraordinária competência de Paulo J. S. Barata, autor do texto que é a base deste apontamento toponímico e que pilhei daqui “in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa”

 https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/artigos/rubricas/idioma/a-proposito-da-toponimia-de-alvor/2376

 … na parte antiga da vila de Alvor (Algarve, Portugal) constato, em boa parte das ruas, a existência de duas toponímias. A mais recente e a mais antiga. Ambas presentes nos painéis de azulejo que identificam os nomes das ruas.

Alvor tinha uma toponímia estreitamente ligada às características do local: topografia, edifícios marcantes, santos de devoção das populações, actividades locais. Nela a população reconhecia a vila e reconhecia-se. Os nomes das ruas eram parte da sua identidade.

A dado passo da sua história, as estruturas autárquicas decidiram alterar os nomes das ruas, atribuindo-lhes novos nomes sobretudo ligados a figuras e factos históricos do passado português. Tratando-se de uma mudança artificial e forçada, e como provavelmente a população não se reconheceria facilmente nos novos nomes, nos painéis identificativos convivem novas e antigas designações.

Ou seja, Rua X (antiga Rua Y). 

Uma das artérias estruturantes da vila que literalmente a atravessa é composta sobretudo por duas ruas, hoje a Rua Marquês de Pombal e a Rua Dr. Afonso Costa.


Antes chamavam-se, respectivamente, Rua Abaixo e Rua Acima. 

Quem por ali passe e veja o constante passadio de gentes para cima e para baixo e o some com a morfologia do local facilmente intui a precisão dos antigos topónimos.

Uma rua continuação da outra, claramente identificadas com a topografia e uma das ruas estruturantes  da vila no sentido  Nascente/Poente.

 RUA VASCO DA GAMA 

Outro caso é o da Rua Vasco da Gama, antiga Rua da Ribeira que desce da antiga Rua da Igreja (actual 25 de Abril) e desemboca num local fundamental da vila, a chamada Ribeira, junto à ria e à antiga lota. 

Chamava-se precisamente Rua da Ribeira e ainda hoje dela se divisa parte da Ribeira.

A zona da Ribeira, que deve o seu nome ao facto de ali confluírem várias ribeiras, em particular a Ribeira do Farelo, ainda hoje lugar central do que subsiste da faina piscatória da vila, e também local de encontro e de socialização, que todos os autóctones reconhecem como tal, não tem sequer um nome de rua, mas apenas de uma travessa e de um beco! Com intuição e oportunidade, um dos muitos restaurantes da zona ribeirinha, foi crismado de  Restaurante A Ribeira, 

 

Antiga  LOTA  (ainda hoje local de encontro e socialização dos locais

RUA DA IGREJA



RUA DE SÃO JOÃO


Outra rua estruturante, estreita e sinuosa no sentido nascente - poente.
Rua identificada com a Capela de São João antigo morabito muçulmano (Alvor deve ser a única terra de Portugal em que encontramos 3) (No Concelho de Portimão há mais dois morabitos: 
1 em Portimão e outro na Figueira, freguesia da Mexilhoeira Grande). 
Ruas identificadas com o Morabito, cristianizado como Capela de São João .Esta rua começa na Rua Abaixo, entronca com a Rua Humberto Delgado (Antiga Travessa ) curva à direita para o Morabito e vai apanhas a Rua dos Pescadores (Antiga Travessa) cruza com a Rua Infante D. Henrique, (antiga Travessa) continua com a Rua Poeta João de Deus  (antiga Rua de S. João e depois de cruzar a Rua Pedro Álvares Cabral e a Rua Vasco da Gama continua pela Rua da Igreja (antiga Rua de São João) passando pelo Portão Manuelino e terminando uns metros mais à frente
Há época a Rua de SÃO JOÃO  era passagem estruturante entre o Alto de São João e a Igreja do Divino Salvador.

 








RUA DO CASTELO  -  FORTALEZA DE ALVOR

LARGO DO CASTELO

O Largo do Castelo deve o seu topónimo ao facto de ser o largo que se situa em frente à porta principal do Castelo de Alvor. 
Neste largo localiza-se o Mercado Municipal de Alvor. 
O topónimo Largo do Castelo já aparece referido nos registos paroquiais da freguesia de Alvor desde meados do Século XIX, sendo muito provável, no entanto, que seja de origem popular e muito mais antigo.
As ruas do Castelo, Travessa do Castelo e  Largo do Castelo têm ligação com as seguintes artérias: Rua P, David Neto, Rua do Paço, Rua D. João II, Rua Dr. António José de Almeida, Rua Poeta António Aleixo,  Rua D. Sancho I.
O Castelo / Fortaleza de Alvor fica á cota mais elevada da Vila de Alvor, 22 metros. 




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RUA DO ARIEIRO



Um caso bizarro é o da antiga Rua do Areeiro, hoje Rua Dr. António José de Almeida. 
É que se acabou com a Rua do Areeiro, mas manteve-se, na mesma rua, a Travessa da Rua do Areeiro! No dia em que as placas de azulejo perderem a antiga toponímia ou se apenas se consultar um mapa, fica-se sem perceber a razão da existência de uma travessa de uma rua que já não existe!

Largo da Ribeira - Rua da Ribeira - Rua dos Pescadores

LARGO  DA RIBEIRA

Topónimo antigo, de origem popular, espaço junto à Ria ligado à vida marítima, como a comercialização de pescado e lugar de embarque.
No Século XVI, há notícia de um forno de cozer pão, chamado de Forno Novo da Ribeira e a Casa do Sal, armazém do sal produzido nas salinas de Alvor.
No século XX foi construída a lota, ainda hoje existente mas servindo de apoio e convívio aos velhos pescadores e mariscadores.
Mais antigo é o espaço da casa-guarda do salva-vidas de Alvor.
Na década de 1990, toda zona ribeirinha de Alvor foi alvo de requalificação urbana e o espaço antes destinado a habitações e armazéns de pescadores, foi transformado em espaço de ocupação turística, com a abertura de vários restaurantes e bares.








Alvor - Zona Ribeirinha - anos 80


Zona Ribeirinha - Lota - anos 60


Alvor - Zona Ribeirnha - anos 40 


Alvor - Zona Ribeirinha - Casa do Salva Vidas desactivada no ano de 1983  

Alvor - Zona Ribeirinha - Rotunda anos 90 (séc. XX) 



Alvor - Zona Ribeirinha - Rotunda 2012


Alvor - Rotunda Zona Ribeirinha - 2020 Junho